segunda-feira, abril 10, 2006

_desalento resignado

_quando o cansaço chega, destrói o pouco bom senso que nos resta. somos levados por forças impiedosas às águas mais profundas do oceano do terror.

_a podridão reflecte-se… ficas podre, sentes-te podre, cheiras a podre, estás podre… e porque atingir tal estado? existem dois caminhos possíveis: por compromisso ou pura inocência.

_todos deviam passar por tremendo degredo. o degredo prende-te os pensamentos, altera a perspectiva dos objectos, oculta as vicissitudes da vida. tal experiência é necessária para espreitar por detrás do cenário.

_hoje fiquei no degredo, sinto-me o degredo, cheiro a degredo, estou degradantemente no degredo. estou igual a tantos outros dias, mas consciente… mais consciente, acho eu.

_o desalento chegou, trágico como sempre, pontual, fatal. não quer partir... cresce, aumenta e aumenta, ganha resignado como sobrenome. _desalento resignado.

_hoje este ser casou comigo. estamos em lua-de-mel, somos um só. tento expulsa-lo pois não quero esta união. mas não consigo, não posso recuar no tempo.

_é como diz o poeta: “somos todos escravos do que precisamos…” e eu entendo e tento diminuir as minhas necessidades, não quero ser escravo… tento descobrir quais são essas necessidades. apenas sei que sofro por elas, desço baixo por elas, atinjo a demência por elas… não as respeito de todo.

_uma energia gerada de repressões e depressões, éticas e morais, cresce dentro de mim. seiva ácida percorre-me as veias, não suporto… dou o tilt, expludo!

_mil e um pensamentos voam na minha mente, não há controle, continuo exausto, continuo a explodir. ultrapasso limites, quebro barreiras, plano na iminência doutro tilt…

_discernimento… onde estás bom amigo? equilíbrio? onde estás? noção? valor? software? ninguém está comigo… entrego-me já prostrado no lodo àquele que sempre me amparou, o velho destino. nele, não acredito, não confio, não deposito qualquer esperança, aliás não o conheço de parte nenhuma.. mas ele paira… e de quando em quando obriga-me a reflectir, como agora por exemplo. é um bom velho este meu filho. fico à espera do que ele me reserva…